Devocional do dia
Nascer da água e do Espírito (João 3:5)
Estou enviando um jornalzinho para os membros da minha classe na Escola Dominical em que um professor visitante mencionou que “água” é um símbolo do Espírito Santo. Uma interpretação comum entre os evangélicos. Daí pensei com meus botões, pensando no livro de João 3:5 que o autor declara que é necessário nascer “da água e do Espírito.”
Com isto em mente, abordei o assunto com os alunos. Em meio a isto encontrei algo interessante quanto ao assunto em torno do verbo “nascer de novo.” Então posso agora matar dois coelhos com uma cajadada.
Primeiro então, o que podemos dizer concernente a nascer “da água e do Espírito?” Existem ao menos três principais explicações para esta expressão. Muitos acham que isto significa a cerimônia de batismo. Outros acham que isto é uma figura do parto, normalmente pelo rompimento da bolsa amniótica. Assim refletindo o conceito de Nicodemos. E por último, os que identificam a água com a pessoa do Espírito Santo.
A ideia do batismo logo descarto, pois se acha mais entre aqueles que acreditam na regeneração batismal. Que se coloca o bebê numa posição privilegiada num processo de regeneração. Acho a exegese de textos forçada por parte dos adeptos a esta posição. Muitas vezes eles me apresentaram Atos 16:31 onde se registra o batismo de todos da casa do carcereiro salvo. Lógico, dizem estes, que houve bebês inclusos. Mas muito ao contrário de minha experiência; batizei duas famílias inteiras. Um privilégio singular. Porém nos dois casos nenhum dentre os que foram batizados eram nenês. Eram os pais e dois jovens.
No segundo caso, eles alegam que significa o parto de um ser humano, assim adquirindo a natureza humana. Certamente temos que concordar que o parto vem pelo rompimento da bolsa. Entretanto este líquido não é água por si. É chamado líquido amniótico. Mas usamos uma expressão mais familiar para este líquido… água, por água ser o líquido mais comum em nossa experiência. Por não ser verdadeiramente água tenho razão suficiente para descartar esta ideia, ao menos para mim.<br /> Então, como podemos fazer uma equivalência neste texto entre água e Espírito? Repetidas vezes na Bíblia, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, encontramos a expressão “derramarei meu Espírito.” O profeta Joel disse: “Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne (vv. 28,29)” conforme: Provérbios 1:23; Isaías 32:15; Ezequiel 39:29; Atos 2:17 e 17; 10:45. Mesmo que água não se encontre nos contextos, a figura do verbo “derramar” facilmente permite a ideia do líquido mais abundante na terra. Não é difícil eu associar “derramar” água e pensar no Espírito Santo.
Mas o que acho mais significativo é a conjunção “e.” Por ser uma palavra muito comum na linguagem, prestamos pouca atenção na versatilidade que ela tem. Ela (a conjunção e) às vezes, introduz a ideia de propósito… por exemplo, venha e ver por si mesmo. Eis então, o convite para alguém verificar com o propósito de observar pessoalmente. Outro exemplo posso dizer: “procuro a fazer e explico-lhes como fazer feijoada completa.” Eis então uma pessoa empenhando-se com o propósito de ajudar alguém para fazer a feijoada completa. Bem pode usar: isto é ou, a saber,” nestes exemplos Isaías encontra-se na própria Bíblia também. Esta conjunção e liga dois substantivos ou pessoas numa sentença. Por exemplo, “Por intermédio de quem (Jesus) viemos a receber graça e apostolado” Romanos 1:5. Assim o texto deve ser entendido como Paulo recebeu a graça isto é/a saber, o apostolado. Veja outro exemplo, “No tocante a esperança e a ressurreição dos mortos sou julgado” Atos 23:6. Podemo-nos perguntar o que é a esperança? Eis a conjunção de propósito explicativo “esperança isto é/a saber, a ressurreição dos mortos. É possível estudar outros casos iguais, quem quiser: Lucas 3:18, 5:35; João 10:10 e 33, 20:30; Atos 25:7; Romanos 2:15; 1 Coríntios 2:2; 3:5; 6:8.
Com este fundamento podemos aplicar esta informação a conjunção “e” em João 3:5 “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” A tradução pode ser “Quem não nascer da água, a saber/isto é do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Justamente isto é a obra do Espírito Santo.<br /> A aplicação da obra salvífica feita por Jesus vem do Espírito Santo. Conforme o que apóstolo João disse: “Quando ele (Espírito Santo, v.7) vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (15:8).<br /> Nicodemos, um principal entre os judeus certamente conhecia bem as Escrituras (Antigo Testamento) e faria esta ligação entre a água e o Espírito Santo. Jesus falando com ele salienta bem que o novo nascimento é espiritual, efetuado por meio da obra do Espírito Santo. Não vem da carne, jamais de si mesmo.<br /> Vejo agora que preciso abordar o “outro coelho” — “ser nascido”, para a próxima vez, pois este já é extenso.
Dr. Ricardo Sterkenburg<br /> Diretor jubilado do Seminário Batista Regular em São Paulo.
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Referência bíblica:
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Porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim.
Lucas 1:4